Você contrataria o Viktor Vszakats ?
Enviado: 01 Set 2019 10:26
A pergunta, obviamente, é provocativa. Quem não gostaria de ter um programador de primeira no seu time de desenvolvedores ?
Mas, e se você não soubesse que o programador era o Viktor ? Se você tivesse acesso a somente um trecho de código dele e fosse se basear somente no que os compêndios e manuais de programação prescrevem ? Será que você o contrataria ?
Na primeira empresa em que trabalhei, já tem um bom tempo, eu me deparei com rígidas regras para manter o software claro (essa palavra era muito usada por eles). Lá tinha algumas regrinhas chatas que todos deviam seguir. Por exemplo: o retorno da rotina deve vir sempre no final dela, não pode usar EXIT ou LOOP dentro de laços, as variáveis devem possuir uma nomenclatura que expresse o seu tipo de dado e escopo (lá usavem ll_ como prefixo para variável Local e Lógica, por exemplo). Essas regras chatas na verdade ajudavam a manter o código compartilhável entre os membros da equipe. Hoje, fala-se muito em Clean Code (uma rápida busca no youtube trás alguns vídeos sobre o tema), padrões de código ou styleguides.
Mas o que isso tem a ver com o Viktor ?
Calma que eu vou chegar lá.
A ideia de se manter o código limpo é boa, mas como toda boa ideia, tem os seus limites. No meu dito primeiro emprego, o programador chefe me mandou implementar uma rotina para um cliente, nem me lembro mais o que era, só me lembro de mostrar o resultado para ele. Lembro quando ele apontou erros na rotina (algo do tipo: "aquele EXIT não pode ficar ali, o código não fica claro"). No final das contas ele perdeu a paciência comigo e foi ele mesmo me ensinar como fazer. Para espanto de todos (inclusive dos outros estagiários) ele não conseguiu resolver o problema da forma que ele mesmo desejava resolver, e acabou colocando o EXIT dentro da rotina.
Sim, mas e o Viktor ?
Há sim, quase ia me esquecendo. É o seguinte: eu tive a oportunidade de mecher em um código desenvolvido pelo Viktor. Não era um fork nem era o core do harbour (não tenho conhecimento para tanto). Era um aplicativo escrito em Harbour que eu precisei adaptar para um uso pessoal. Quando comecei a olhar o código eu descobri que o Viktor havia colocado um RETURN no meio de uma rotina, aí eu pensei : "Será que ele seria contratado pela empresa onde eu trabalhei ?".
A minha resposta é: "Sim, desde que a empresa conseguisse enchergar o excelente programador que ele é." Mas antes de enchergar o excelente profissional que ele é, a empresa precisa observar, ler nas entrelinhas e abrir mão das regras que todos ficam repetindo como se fosse um mantra. Se a empresa ficar bitolada apenas na busca de padrões de codificação ela vai acabar abrindo mão de excelentes profissionais.
E vocês, o que acham ?
Mas, e se você não soubesse que o programador era o Viktor ? Se você tivesse acesso a somente um trecho de código dele e fosse se basear somente no que os compêndios e manuais de programação prescrevem ? Será que você o contrataria ?
Na primeira empresa em que trabalhei, já tem um bom tempo, eu me deparei com rígidas regras para manter o software claro (essa palavra era muito usada por eles). Lá tinha algumas regrinhas chatas que todos deviam seguir. Por exemplo: o retorno da rotina deve vir sempre no final dela, não pode usar EXIT ou LOOP dentro de laços, as variáveis devem possuir uma nomenclatura que expresse o seu tipo de dado e escopo (lá usavem ll_ como prefixo para variável Local e Lógica, por exemplo). Essas regras chatas na verdade ajudavam a manter o código compartilhável entre os membros da equipe. Hoje, fala-se muito em Clean Code (uma rápida busca no youtube trás alguns vídeos sobre o tema), padrões de código ou styleguides.
Mas o que isso tem a ver com o Viktor ?
Calma que eu vou chegar lá.
A ideia de se manter o código limpo é boa, mas como toda boa ideia, tem os seus limites. No meu dito primeiro emprego, o programador chefe me mandou implementar uma rotina para um cliente, nem me lembro mais o que era, só me lembro de mostrar o resultado para ele. Lembro quando ele apontou erros na rotina (algo do tipo: "aquele EXIT não pode ficar ali, o código não fica claro"). No final das contas ele perdeu a paciência comigo e foi ele mesmo me ensinar como fazer. Para espanto de todos (inclusive dos outros estagiários) ele não conseguiu resolver o problema da forma que ele mesmo desejava resolver, e acabou colocando o EXIT dentro da rotina.
Sim, mas e o Viktor ?
Há sim, quase ia me esquecendo. É o seguinte: eu tive a oportunidade de mecher em um código desenvolvido pelo Viktor. Não era um fork nem era o core do harbour (não tenho conhecimento para tanto). Era um aplicativo escrito em Harbour que eu precisei adaptar para um uso pessoal. Quando comecei a olhar o código eu descobri que o Viktor havia colocado um RETURN no meio de uma rotina, aí eu pensei : "Será que ele seria contratado pela empresa onde eu trabalhei ?".
A minha resposta é: "Sim, desde que a empresa conseguisse enchergar o excelente programador que ele é." Mas antes de enchergar o excelente profissional que ele é, a empresa precisa observar, ler nas entrelinhas e abrir mão das regras que todos ficam repetindo como se fosse um mantra. Se a empresa ficar bitolada apenas na busca de padrões de codificação ela vai acabar abrindo mão de excelentes profissionais.
E vocês, o que acham ?